domingo, 16 de fevereiro de 2014

Aula 3 - Classicismo

CLASSICISMO – RENASCIMENTO

(1527 – Sá de Miranda – 1580 - Barroco)



• O Classicismo, terceiro grande movimento literário da língua portuguesa, marca o início a chamada Era Clássica da Literatura.

• A Era Clássica é formada por três movimentos ou escolas literárias: Classicismo (século XVI), Barroco (século XVII) e Arcadismo (século XVIII).



CARACTERÍSTICAS



• Racionalismo: a razão governando as emoções.

• Retomada da Mitologia Pagã: autores greco-latinos imitados como modelos de perfeição.

• Equilíbrio, harmonia e universalismo.

• Uso da medida nova (versos decassílabos e formas fixas como o soneto).



CAMÕES



PRODUÇÃO LITERÁRIA



• A poesia lírica camoniana compreende duas vertentes. Ora são textos de influência medieval (escritos em redondilhos, com motes glosados), ora são sonetos clássicos escritos em decassílabos.

• A poesia épica: epopéia Os Lusíadas (1572). A epopéia é a narrativa de cunho histórico que registra poeticamente os grandes feitos, as aventuras de um herói ou de um povo; é um longo poema narrativo.

• O herói individual é Vasco da Gama metonímia do herói coletivo, o povo português.

• Todo poema épico apresenta uma estrutura rígida, herdada da Antigüidade Clássica. As partes de uma epopéia são as seguintes:



1ª - Proposição = parte em que se apresenta o assunto (vai cantar as armas, barões os reis e a fé).

2ª - Invocação = parte em que o poeta pede auxílio aos deuses ou às musas (Tágides) para escrever o próprio poema.

3ª - Dedicatória ou oferecimento = parte em que o poeta oferece a sua obra a uma figura ilustre (D. Sebastião, rei de Portugal).

4ª - Narração = parte em que ocorre a história propriamente dita (Viagem de Vasco da Gama às Índias).

5ª - Epílogo = é o final da história e crítica à ambição dos portugueses.



• Episódios líricos mais cobrados nos últimos vestibulares:

• O Velho do Restelo: representa o mundo medieval e o próprio Camões.

• Gigante Adamastor: alegoria do Cabo das Tormentas.

• Concílio dos deuses: Vênus enfrenta Baco pelos portugueses.

• Inês de Castro: história daquela que depois de morta foi rainha.

• Ilha dos Amores: recompensa aos portugueses pela viagem.





EXERCÍCIOS



3 - UFJF – 2003 - Com os versos "Cantando espalharei por toda a parte, / Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.", Camões explica que o propósito de "Os Lusíadas" é divulgar os feitos portugueses. Sobre esse poema épico, só é INCORRETO afirmar que:

a) se trata da maior obra literária do quinhentismo português.

b) Camões sofre a clara influência dos clássicos greco-latinos.

c) há forte presença do romantismo, devido ao nacionalismo.

d) como epopéia moderna, há momentos de crítica à nação e ao povo.

e) louva não apenas o homem português, mas o homem renascentista.



RESPOSTA – C



4 - UFJF – 2002 –

CANTIGA

Vi chorar uns claros olhos

Quando deles me partia.

Oh! que mágoa! Oh! que alegria



VOLTAS

(...)

O bem que Amor me não deu,

No tempo que o desejei,

Quando dele me apartei,

Me confessou que era meu.

Agora que farei eu,

Se a fortuna me desvia

De lograr esta alegria?

(Camões - "Lírica")



Mudando andei costume, terra e estado,

Por ver se se mudava a sorte dura;

A vida pus nas mãos de um leve lenho.

Mas, segundo o que o Céu me tem mostrado,

Já sei que deste meu buscar ventura

Achado tenho já que não a tenho.

(Camões - "Lírica")



A partir da leitura dos dois fragmentos, assinale a afirmativa INACEITÁVEL:

a) Há diversidade formal e temática na lírica de Camões, devido à sua relação tanto com a tradição popular quanto com a cultura clássica.

b) Nos dois textos encontramos a ação do destino se opondo à felicidade do poeta.

c) A expressão "fortuna", do primeiro fragmento, é equivalente, no plano semântico, à expressão "ventura", do segundo.

d) A forma do primeiro fragmento expressa a relação entre a lírica de Camões e a tradição poética medieval peninsular.

e) O terceiro verso do segundo fragmento é uma metáfora clara da instabilidade da vida do poeta.



RESPOSTA – C



5 – UFJF – 2002 - Em relação aos textos anteriores, SÓ SE PODE AFIRMAR que:

a) o amor realizado é o tema do primeiro poema, e a harmonia entre o poeta e o mundo é o tema do segundo.

b) as expressões "oh que alegria" e "achado tenho já" mostram que, finalmente, o poeta encontra a harmonia.

c) as expressões "me partia" e "me apartei", no primeiro fragmento, são equivalentes, no plano semântico.

d) a forma do segundo fragmento expressa a relação entre a lírica de Camões e o trovadorismo medieval.

e) o verso "me confessou que era meu" indica que o poeta encontrou a felicidade.



RESPOSTA – C









terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Aula 2 - Humanismo

HUMANISMO

(1434 – Fernão Lopes – 1527 - Classicismo)

  • O Humanismo, segunda Escola Literária Medieval, também conhecida como Pré-Renascimento ou Quatrocentismo, corresponde ao período de transição da Idade Média para a Idade Clássica.
  • Há uma retomada da cultura antiga, através do estudo e imitação dos poetas e filósofos greco-latinos.
  • Percebemos, também, o bifrontismo, coexistência de características medievais (feudalismo, teocentrismo) e renascentistas (mercantilismo, antropocentrismo, pragmatismo burguês).


PRODUÇÃO LITERÁRIA

  • Poesia Palaciana: poesia produzida no ambiente dos palácios, feita por nobres (como Garcia de Resende e destinada à corte).
  • Separação entre música e texto
  • Valorização das figuras sonoras ( aliteração - assonância - eco )
  • Temas : modismos, festas, tipos de vestidos, o aspecto físico das mulheres ( chapéus, o andar )

  • Prosa de Fernão Lopes: é a principal figura da prosa humanista, considerado o fundador da historiografia portuguesa.
  • Heródoto português (usa documentos e testemunhas )
  • Não regiocêntrico - povo agente
  • Usa elementos literários ( figuras )
            OBRAS
  • Crônica d’el Rei D. Pedro 1
  • Crônica d’el Rei D. Fernando
  • Crônica d’el Rei D. João

  • Teatro de Gil Vicente: Farsas (tipos) e Autos (alegóricos).
  • Criador do teatro português - Texto para representação
  • Não obedece às leis do teatro clássico: ( tempo - espaço – ação )
Bifrontismo cultural ( religiosidade e mitologia )


EXERCÍCIOS

2 – UNICAMP – 2007 - E chegando à barca da glória, diz ao Anjo:

BRÍSIDA. Barqueiro, mano, meus olhos,
prancha a Brísida Vaz!

ANJO. Eu não sei quem te cá traz...

BRÍSIDA. Peço-vo-lo de giolhos!
Cuidais que trago piolhos,
anjo de Deus, minha rosa?
Eu sou Brísida, a preciosa,
que dava as môças aos molhos.
A que criava as meninas
para os cônegos da Sé...
Passai-me, por vossa fé,
meu amor, minhas boninas,
olhos de perlinhas finas!
            (...)
            Gil Vicente, "Auto da barca do inferno". (Texto fixado por S. Spina)

a) No excerto, a maneira de tratar o Anjo, empregada por Brísida Vaz, relaciona-se à atividade que ela exercera em vida? Explique resumidamente.
b) No excerto, o tratamento que Brísida Vaz dispensa ao Anjo é adequado à obtenção do que ela deseja - isto é, levar o Anjo a permitir que ela embarque? Por quê?

RESPOSTAS

a) Brísida Vaz, quando era viva foi alcoviteira, agenciava mulheres para a prostituição. Então, sua linguagem mostra sua atividade, pois ela utiliza termos que procuram seduzir o Anjo, como "anjo de Deus", "minha rosa", "meu amor", "minhas boninas", "olhos de perlinhas finas".

b) O tratamento que Brísida Vaz dá ao Anjo é inadequado, pois deixa claro o apego ao universo pecaminoso da sedução e prostituição.




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014


LITERATURA PORTUGUESA

INTRODUÇÃO 

  • A história da literatura portuguesa, tal qual conhecemos hoje, tem início em meados do século XII, quando Portugal se constitui como um estado independente.
TROVADORISMO (1189 – Cantiga da Ribeirinha – 1434 - Humanismo)

  • Neste período as composições eram elaboradas para serem cantadas ao som de instrumentos como a lira, a cítara, harpa ou viola, daí serem chamadas de cantigas.
  • O primeiro texto literário português que se tem registro é a “Cantiga da Guarvaia” ou “Cantiga da Ribeirinha” (1189 ou 1198), cantiga de amor de autoria de Paio Soares de Taveirós.
  • Métrica (medida – metro) – Medida velha: versos de 5 sílabas (redondilha menor) ou 7 sílabas (redondilha maior).
  • A palavra trovadorismo tem origem em ‘troubar’ – provençal. Significa encontrar. O trovador encontrava a maneira correta de unir música e letra.

Exemplo:

En/quan/to /Deus/ me/ der/ vi/da

Vi/ve/rei /tris/te e /coi/ta/da

Por/que /se/ foi/ meu/ a/mi/go

E/ di/sso/ fui/ a/ cul/pa/da

 

Man/da/d’ei/ co/mi/go

Ca/ vem /men/ a/mi/go:

E i/rei/ ma/dr’, a/ Vi/go

 
CANTIGA DE AMOR

  • Origem provençal.
  • Eu – lírico masculino.
  • Objeto desejado: a ‘Senhor’.
  • Homem presta vassalagem amorosa.
  • Sofrer por amor: coita.
  • Mulher idealizada, superior.
  • Ambiente palaciano.

CANTIGA DE AMIGO

  • Origem galego-portuguesa.
  • Eu – lírico feminino.
  • Objeto desejado: o amigo.
  • Mulher sofre pelo namorado ausente.
  • Mulher real, concreta.
  • Ambiente rural.
  • Refrão e paralelismo

CANTIGA DE ESCÁRNIO

  • Crítica indireta.
  • Ambigüidade irônica.
  • Critica costumes, pessoas e acontecimentos.
  • Não declara nomes.

CANTIGA DE MALDIZER

  • Crítica direta. Há o nome da pessoa satirizada.
  • Predomínio de palavras chulas (baixo nível).
  • Critica costumes, pessoas e acontecimentos.

Exemplos de cantigas

1 – Amor

En gran coita, senhor

que peior que mort’é,

vivo, per bôa fé,

e polo vosso amor

esta coita sofr’eu

por vós, senhor, que eu

vi pelo meu gran mal

 
2 - Amigo

Ondas do mar de Vigo,

Se vistes meu amigo?                                                 

  E ai Deus, se verrá cedo!

 

Ondas do mar levado,

Se vistes meu amado?

  E ai Deus, se verrá cedo!

 

Se vistes meu amigo,

o por que eu sospiro?

     E ai Deus, se verrá cedo!

 

Se vistes meu amado,

Por que ei gran coidado?

     E ai Deus, se verrá cedo!

 
3 - Escárnio

Don Foão

Que eu sei que á preço de  livão

Vedes que fez en guerra

Daquesto soo certão:                           

Sol que viu os genetes,

Come boi que fer tavão,

 

          Sacudiu-se e resolveu-se,al

          çourab’e foi sa via a Portugal

 
4 - Maldizer

 

Quem a sa filha quiser dar

Mester, com que sábia guarir

A Maria Doming’á-d ir,

Que a saberá bem mostrar;

E direi-vos que lhi fará:

Ante dun mês lh’ amostrará

Como sábia mui bem ambrar

 
EXERCÍCIOS

 

1 – UNIFESP – 2002

 

TEXTO I:

Ao longo do sereno

Tejo, suave e brando,

Num vale de altas árvores sombrio,

Estava o triste Almeno

Suspiros espalhando

Ao vento, e doces lágrimas ao rio.

            (Luís de Camões, "Ao longo do sereno".)

 

TEXTO II:

Bailemos nós ia todas tres, ay irmanas,

so aqueste ramo destas auelanas

e quen for louçana, como nós, louçanas,

se amigo amar,

so aqueste ramo destas auelanas

uerrá baylar.

            (Aires Nunes. In Nunes, J. J., "Crestomatia arcaica".)

 

TEXTO III:

Tão cedo passa tudo quanto passa!

morre tão jovem ante os deuses quanto

Morre! Tudo é tão pouco!

Nada se sabe, tudo se imagina.

Circunda-te de rosas, ama, bebe

E cala. O mais é nada.

            (Fernando Pessoa, "Obra poética".)

 

TEXTO IV:

Os privilégios que os Reis

Não podem dar, pode Amor,

Que faz qualquer amador

Livre das humanas leis.

mortes e guerras cruéis,

Ferro, frio, fogo e neve,

Tudo sofre quem o serve.

            (Luís de Camões, "Obra completa".)

 

TEXTO V:

As minhas grandes saudades

São do que nunca enlacei.

Ai, como eu tenho saudades

Dos sonhos que não sonhei!...)

            (Mário de Sá Carneiro, "Poesias".)

 

A alternativa que indica texto que faz parte da poesia medieval da fase trovadoresca é

a) I.

b) II.

c) III.

d) IV.

e) V.

 

RESPOSTA – B