CLASSICISMO – RENASCIMENTO
(1527 – Sá de Miranda – 1580 - Barroco)
• O Classicismo, terceiro grande movimento literário da língua portuguesa, marca o início a chamada Era Clássica da Literatura.
• A Era Clássica é formada por três movimentos ou escolas literárias: Classicismo (século XVI), Barroco (século XVII) e Arcadismo (século XVIII).
CARACTERÍSTICAS
• Racionalismo: a razão governando as emoções.
• Retomada da Mitologia Pagã: autores greco-latinos imitados como modelos de perfeição.
• Equilíbrio, harmonia e universalismo.
• Uso da medida nova (versos decassílabos e formas fixas como o soneto).
CAMÕES
PRODUÇÃO LITERÁRIA
• A poesia lírica camoniana compreende duas vertentes. Ora são textos de influência medieval (escritos em redondilhos, com motes glosados), ora são sonetos clássicos escritos em decassílabos.
• A poesia épica: epopéia Os Lusíadas (1572). A epopéia é a narrativa de cunho histórico que registra poeticamente os grandes feitos, as aventuras de um herói ou de um povo; é um longo poema narrativo.
• O herói individual é Vasco da Gama metonímia do herói coletivo, o povo português.
• Todo poema épico apresenta uma estrutura rígida, herdada da Antigüidade Clássica. As partes de uma epopéia são as seguintes:
1ª - Proposição = parte em que se apresenta o assunto (vai cantar as armas, barões os reis e a fé).
2ª - Invocação = parte em que o poeta pede auxílio aos deuses ou às musas (Tágides) para escrever o próprio poema.
3ª - Dedicatória ou oferecimento = parte em que o poeta oferece a sua obra a uma figura ilustre (D. Sebastião, rei de Portugal).
4ª - Narração = parte em que ocorre a história propriamente dita (Viagem de Vasco da Gama às Índias).
5ª - Epílogo = é o final da história e crítica à ambição dos portugueses.
• Episódios líricos mais cobrados nos últimos vestibulares:
• O Velho do Restelo: representa o mundo medieval e o próprio Camões.
• Gigante Adamastor: alegoria do Cabo das Tormentas.
• Concílio dos deuses: Vênus enfrenta Baco pelos portugueses.
• Inês de Castro: história daquela que depois de morta foi rainha.
• Ilha dos Amores: recompensa aos portugueses pela viagem.
EXERCÍCIOS
3 - UFJF – 2003 - Com os versos "Cantando espalharei por toda a parte, / Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.", Camões explica que o propósito de "Os Lusíadas" é divulgar os feitos portugueses. Sobre esse poema épico, só é INCORRETO afirmar que:
a) se trata da maior obra literária do quinhentismo português.
b) Camões sofre a clara influência dos clássicos greco-latinos.
c) há forte presença do romantismo, devido ao nacionalismo.
d) como epopéia moderna, há momentos de crítica à nação e ao povo.
e) louva não apenas o homem português, mas o homem renascentista.
RESPOSTA – C
4 - UFJF – 2002 –
CANTIGA
Vi chorar uns claros olhos
Quando deles me partia.
Oh! que mágoa! Oh! que alegria
VOLTAS
(...)
O bem que Amor me não deu,
No tempo que o desejei,
Quando dele me apartei,
Me confessou que era meu.
Agora que farei eu,
Se a fortuna me desvia
De lograr esta alegria?
(Camões - "Lírica")
Mudando andei costume, terra e estado,
Por ver se se mudava a sorte dura;
A vida pus nas mãos de um leve lenho.
Mas, segundo o que o Céu me tem mostrado,
Já sei que deste meu buscar ventura
Achado tenho já que não a tenho.
(Camões - "Lírica")
A partir da leitura dos dois fragmentos, assinale a afirmativa INACEITÁVEL:
a) Há diversidade formal e temática na lírica de Camões, devido à sua relação tanto com a tradição popular quanto com a cultura clássica.
b) Nos dois textos encontramos a ação do destino se opondo à felicidade do poeta.
c) A expressão "fortuna", do primeiro fragmento, é equivalente, no plano semântico, à expressão "ventura", do segundo.
d) A forma do primeiro fragmento expressa a relação entre a lírica de Camões e a tradição poética medieval peninsular.
e) O terceiro verso do segundo fragmento é uma metáfora clara da instabilidade da vida do poeta.
RESPOSTA – C
5 – UFJF – 2002 - Em relação aos textos anteriores, SÓ SE PODE AFIRMAR que:
a) o amor realizado é o tema do primeiro poema, e a harmonia entre o poeta e o mundo é o tema do segundo.
b) as expressões "oh que alegria" e "achado tenho já" mostram que, finalmente, o poeta encontra a harmonia.
c) as expressões "me partia" e "me apartei", no primeiro fragmento, são equivalentes, no plano semântico.
d) a forma do segundo fragmento expressa a relação entre a lírica de Camões e o trovadorismo medieval.
e) o verso "me confessou que era meu" indica que o poeta encontrou a felicidade.
RESPOSTA – C
domingo, 16 de fevereiro de 2014
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Aula 2 - Humanismo
HUMANISMO
(1434 – Fernão Lopes – 1527
- Classicismo)
- O Humanismo, segunda Escola Literária Medieval, também conhecida como Pré-Renascimento ou Quatrocentismo, corresponde ao período de transição da Idade Média para a Idade Clássica.
- Há uma retomada da cultura antiga, através do estudo e imitação dos poetas e filósofos greco-latinos.
- Percebemos, também, o bifrontismo, coexistência de características medievais (feudalismo, teocentrismo) e renascentistas (mercantilismo, antropocentrismo, pragmatismo burguês).
PRODUÇÃO LITERÁRIA
- Poesia Palaciana: poesia produzida no ambiente dos palácios, feita por nobres (como Garcia de Resende e destinada à corte).
- Separação entre música e texto
- Valorização das figuras sonoras ( aliteração - assonância - eco )
- Temas : modismos, festas, tipos de vestidos, o aspecto físico das mulheres ( chapéus, o andar )
- Prosa de Fernão Lopes: é a principal figura da prosa humanista, considerado o fundador da historiografia portuguesa.
- Heródoto português (usa documentos e testemunhas )
- Não regiocêntrico - povo agente
- Usa elementos literários ( figuras )
OBRAS
- Crônica d’el Rei D. Pedro 1
- Crônica d’el Rei D. Fernando
- Crônica d’el Rei D. João
- Teatro de Gil Vicente: Farsas (tipos) e Autos (alegóricos).
- Criador do teatro português - Texto para representação
- Não obedece às leis do teatro clássico: ( tempo - espaço – ação )
Bifrontismo cultural ( religiosidade e
mitologia )
EXERCÍCIOS
2 – UNICAMP – 2007 - E chegando à
barca da glória, diz ao Anjo:
BRÍSIDA. Barqueiro, mano, meus
olhos,
prancha a Brísida Vaz!
ANJO. Eu não sei quem te cá
traz...
BRÍSIDA. Peço-vo-lo de giolhos!
Cuidais que trago piolhos,
anjo de Deus, minha rosa?
Eu sou Brísida, a preciosa,
que dava as môças aos molhos.
A que criava as meninas
para os cônegos da Sé...
Passai-me, por vossa fé,
meu amor, minhas boninas,
olhos de perlinhas finas!
(...)
Gil
Vicente, "Auto da barca do inferno". (Texto fixado por S. Spina)
a) No excerto, a maneira de
tratar o Anjo, empregada por Brísida Vaz, relaciona-se à atividade que ela
exercera em vida? Explique resumidamente.
b) No excerto, o tratamento que
Brísida Vaz dispensa ao Anjo é adequado à obtenção do que ela deseja - isto é,
levar o Anjo a permitir que ela embarque? Por quê?
RESPOSTAS
a) Brísida Vaz, quando era viva
foi alcoviteira, agenciava mulheres para a prostituição. Então, sua linguagem
mostra sua atividade, pois ela utiliza termos que procuram seduzir o Anjo, como
"anjo de Deus", "minha rosa", "meu amor",
"minhas boninas", "olhos de perlinhas finas".
b) O tratamento que Brísida Vaz
dá ao Anjo é inadequado, pois deixa claro o apego ao universo pecaminoso da
sedução e prostituição.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
LITERATURA PORTUGUESA
INTRODUÇÃO
- A história da literatura portuguesa, tal qual conhecemos hoje, tem início em meados do século XII, quando Portugal se constitui como um estado independente.
TROVADORISMO (1189 – Cantiga da
Ribeirinha – 1434 - Humanismo)
- Neste período as composições eram elaboradas para serem cantadas ao som de instrumentos como a lira, a cítara, harpa ou viola, daí serem chamadas de cantigas.
- O primeiro texto literário português que se tem registro é a “Cantiga da Guarvaia” ou “Cantiga da Ribeirinha” (1189 ou 1198), cantiga de amor de autoria de Paio Soares de Taveirós.
- Métrica (medida – metro) – Medida velha: versos de 5 sílabas (redondilha menor) ou 7 sílabas (redondilha maior).
- A palavra trovadorismo tem origem em ‘troubar’ – provençal. Significa encontrar. O trovador encontrava a maneira correta de unir música e letra.
Exemplo:
En/quan/to /Deus/ me/ der/ vi/da
Vi/ve/rei /tris/te e /coi/ta/da
Por/que /se/ foi/ meu/ a/mi/go
E/ di/sso/ fui/ a/ cul/pa/da
Man/da/d’ei/ co/mi/go
Ca/ vem /men/ a/mi/go:
E i/rei/ ma/dr’, a/ Vi/go
CANTIGA DE AMOR
- Origem provençal.
- Eu – lírico masculino.
- Objeto desejado: a ‘Senhor’.
- Homem presta vassalagem amorosa.
- Sofrer por amor: coita.
- Mulher idealizada, superior.
- Ambiente palaciano.
CANTIGA DE AMIGO
- Origem galego-portuguesa.
- Eu – lírico feminino.
- Objeto desejado: o amigo.
- Mulher sofre pelo namorado ausente.
- Mulher real, concreta.
- Ambiente rural.
- Refrão e paralelismo
CANTIGA DE ESCÁRNIO
- Crítica indireta.
- Ambigüidade irônica.
- Critica costumes, pessoas e acontecimentos.
- Não declara nomes.
CANTIGA DE MALDIZER
- Crítica direta. Há o nome da pessoa satirizada.
- Predomínio de palavras chulas (baixo nível).
- Critica costumes, pessoas e acontecimentos.
Exemplos de cantigas
1 – Amor
En gran coita, senhor
que peior que mort’é,
vivo, per bôa fé,
e polo vosso amor
esta coita sofr’eu
por vós, senhor, que eu
vi pelo meu gran mal
2 - Amigo
Ondas do mar de Vigo,
Se vistes meu amigo?
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
Se vistes meu amado?
E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amado,
Por que ei gran coidado?
E ai Deus, se verrá cedo!
3 - Escárnio
Don Foão
Que eu sei que á preço de livão
Vedes que fez en guerra
Daquesto soo certão:
Sol que viu os genetes,
Come boi que fer tavão,
Sacudiu-se e
resolveu-se,al
çourab’e foi sa via a
Portugal
4 - Maldizer
Quem a sa filha quiser dar
Mester, com que sábia guarir
A Maria Doming’á-d ir,
Que a saberá bem mostrar;
E direi-vos que lhi fará:
Ante dun mês lh’ amostrará
Como sábia mui bem ambrar
EXERCÍCIOS
1 – UNIFESP – 2002
TEXTO I:
Ao longo do sereno
Tejo, suave e brando,
Num vale de altas árvores
sombrio,
Estava o triste Almeno
Suspiros espalhando
Ao vento, e doces lágrimas ao rio.
(Luís
de Camões, "Ao longo do sereno".)
TEXTO II:
Bailemos nós ia todas tres, ay
irmanas,
so aqueste ramo destas auelanas
e quen for louçana, como nós,
louçanas,
se amigo amar,
so aqueste ramo destas auelanas
uerrá baylar.
(Aires
Nunes. In Nunes, J. J., "Crestomatia arcaica".)
TEXTO III:
Tão cedo passa tudo quanto passa!
morre tão jovem ante os deuses
quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
(Fernando
Pessoa, "Obra poética".)
TEXTO IV:
Os privilégios que os Reis
Não podem dar, pode Amor,
Que faz qualquer amador
Livre das humanas leis.
mortes e guerras cruéis,
Ferro, frio, fogo e neve,
Tudo sofre quem o serve.
(Luís
de Camões, "Obra completa".)
TEXTO V:
As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)
(Mário
de Sá Carneiro, "Poesias".)
A alternativa que indica texto
que faz parte da poesia medieval da fase trovadoresca é
a) I.
b) II.
c) III.
d) IV.
e) V.
RESPOSTA – B
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